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Mais rigor no crdito
Fonte: O Estado de Sao Paulo, 14 de Julho de 2008
Est mais difcil obter emprstimos. Os analistas de crdito acompanham com cuidado a evoluo dos pagamentos em atraso e j constataram que, embora o crescimento dos ndices gerais de inadimplncia no chegue a preocupar, no segmento de financiamento de automveis eles vm subindo contnua e rapidamente desde dezembro. Por precauo, as instituies financeiras aumentaram as exigncias para conceder financiamentos.

Entre os critrios mais rigorosos utilizados na anlise do cadastro dos candidatos a emprstimos est a fatia da renda que pode ser comprometida com as prestaes, que foi reduzida em at cinco pontos porcentuais. Instituies que aceitavam o comprometimento de at 35% agora limitam a prestao a, no mximo, 30% da renda.

O ndice de inadimplncia detectado em maio pelo Relatrio de Crdito do Banco Central, de 7,3%, pouco superior ao de abril, de 7,1%. No caso dos automveis, os pagamentos com mais de trs meses de atraso aram de 3% em dezembro para 3,7% dos financiamentos. Por causa desses nmeros, da acelerao da inflao, que afeta diretamente a renda real da populao, e do risco de desacelerao da economia, que reduziria o nvel de emprego, as instituies financeiras esto mais cautelosas.

Aos dados usualmente utilizados no cadastro dos tomadores de emprstimo - nome, endereo, renda, F, entre outros -, as instituies financeiras esto acrescentando informaes colhidas em entrevistas com o interessado, como mostrou reportagem de Mrcia De Chiara publicada segunda-feira pelo Estado. Entre os novos dados solicitados esto a data de recebimento do salrio, para verificar se compatvel com a data de vencimento da prestao, e a existncia ou no de outras dvidas em nome do interessado.

O rigor aplicado no exame de todas as propostas de emprstimo, mesmo as que envolvem garantias, como o financiamento de veculos. Um dos maiores bancos do Pas estima que, com os novos critrios de anlise do crdito ao consumidor, o ndice de rejeio de propostas cresceu 10%. O ltimo Relatrio da Inflao do Banco Central j identificava essa tendncia: "A procura de recursos bancrios apresentou relativo arrefecimento na margem de abril para maio, evidenciando a reduo do dinamismo do crdito pessoal."

As operaes de crdito do sistema financeiro, como porcentagem do PIB, esto no seu nvel mais alto dos ltimos 20 anos. Em meados de 1988, elas representavam 34% do PIB. A acelerao da inflao, depois do fracasso de mais um plano heterodoxo colocado em prtica pelo governo Sarney, fez cair gradualmente essa relao. Em maro e abril de 1990, no Plano Collor, ela chegou a apenas 20% do PIB, crescendo, desde ento, at ultraar 30% do PIB nos meses que antecederam o Plano Real. No segundo semestre de 1994, em plena euforia do Real, alcanou o recorde de 36,8% do PIB, caindo paulatinamente, desde ento, at chegar a 24%, que foi a mdia dos dois primeiros anos do governo Lula. Desde 2005 vem subindo e, em maio ltimo, chegou a 36,5% do PIB, praticamente o nvel alcanado no auge do Plano Real.

At agora, os membros do governo, a comear pelo presidente Luiz Incio Lula da Silva, no demonstraram preocupao com esse avano. Eles argumentam que o nvel de inadimplncia relativamente baixo, a economia continua a ter bom desempenho, os indicadores de salrio e renda justificam os riscos assumidos pelos tomadores de emprstimo e que o prprio mercado poder fazer os ajustes, restringindo os financiamentos. O encarecimento do crdito, em decorrncia do endurecimento da poltica monetria pelo Banco Central, por sua vez, tende a reduzir a demanda por crdito.

Sem esperar pelos efeitos previstos pelo governo, as instituies se protegem. "O que as financeiras esto fazendo hoje olhar com mais ateno para a renda e a inflao, para evitar problemas futuros", diz Jos Arthur Lemos Assuno, vice-presidente da Associao Nacional das Instituies de Crdito, Financiamento e Investimento (Acrefi). Talvez elas estejam enxergando mais longe que o governo.

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